Em uma breve passagem pela
estação de trem e metro da Barra Funda observei que havia uma exposição de fotografias da série “Dentro, Arte Viva e Profusão”,
do Senac, em parceria com a CPTM, a parte da exposição que se encontra – até o dia 11 de setembro – na
estação Barra Funda é intitulada "Profusão: Uma multiplicidade de culturas, lugares, problemas, dentro
de um contexto chamado São Paulo. Essa exposição traz retratos e situações que
mostram um cenário desapercebido e que faz parte da composição poética que
permeia a vida dos que transitam pela cidade”.
Na sua composição a obra
apresenta diversas fotografias com os mais variados temas entre: cultura,
diversidade religiosa e afins. No entanto, o que mais chamou a atenção foi o
fato de eu ter permanecido próximo à exposição durante uns 20 minutos, no máximo, e pude observar qual era a imagem que mais chamava a
atenção das pessoas que se dispunham a olhar as fotos, essas eram as imagens de duas pessoas com um visual menos
casual do qual a sociedade está “acostumada” a observar. Em um lado havia um
homem e no seu verso uma mulher, ambos com tatuagens, piercing e cortes de cabelos “diferentes”.
A partir de um momento de
reflexão se pode observar onde está o problema da sociedade em que vivemos, há
tantos problemas que devem, de fato, ser observados e não o são. Questões de
saneamento – na exposição havia a imagem de um contraste comum na cidade de
São Paulo: imagem de uma região onde não há sinal de investimento em
saneamento básico – ou seja, essa imagem de precariedade que atinge várias famílias
nas periferias de São Paulo não causa tanto “espanto” quanto a aparência de uma
pessoa desconhecida.
O que pode ter nos levado a
isso? Quais estruturas que moldam a nossa sociedade fizeram com que nos alienássemos
a ponto de nos importarmos com a aparência de um estranho, mais do que nos
importarmos com o que realmente interfere em nossas vidas de maneira direta?
Seria a estrutura educacional? Familiar? Cultural? Política? Ou foram todas
essas, visto que elas formam uma rede, na qual uma interfere diretamente na
outra?
Não é só a aparência do outro que chama a
atenção das pessoas mais do que deveria; suas escolhas, opções e aspirações causam
o mesmo impacto, se não um impacto maior.
Em um mundo onde os meios de
comunicação nos guiam a dar tanta importância a coisas fúteis ao invés de nos
estimular a pensar e a sermos críticos, ditando seus padrões de beleza e comportamento
tão inalcançável para meros mortais como eu e como você. Isso
chega a um nível de perversidade tão grande, pois quando você não “se encaixa nas medidas”,
sejam elas físicas ou comportamentais, você é tido como louco – o que tangencia a ideia apresentada por Michel
Foucault em sua explanação sobre a tríade
Conhecimento, Verdade e Discurso – é difícil saber onde esse Mundo Caos irá
levar a humanidade. Conseguiremos acordar? Ou permaneceremos dormindo,
submersos no mar de medidas e regras ditado pela sociedade medíocre na qual estamos
inseridos.
Imagem: tive a oportunidade de registrar uma família que observou a exposição, em determinado momento, estes chegaram ao ponto de tirar um fotografia ao lado da foto que, a garota na imagem observa. Meu objetivo não é julgar e sim tentar trazer uma reflexão a cerca do problemas que permeiam a nossa sociedade.